terça-feira, 14 de julho de 2020

Fundos e Pensão: Déficit de fundos de pensão recua de R$ 53 bi em março a R$ 36 bi em maio



Saldo negativo desacelerou ritmo em abril e maio, após atingir R$ 53,4 bi em março, diz Previc

Os déficits das entidades fechadas de previdência complementar desaceleraram em abril e maio, após um crescimento abrupto em março. Os resultados constam do relatório de estabilidade do setor divulgado ontem pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). 

No fim do primeiro trimestre, com o impacto da covid-19, a diferença entre os superávits e déficits do sistema alcançou um saldo líquido negativo de R$ 53,4 bilhões, patamar similar ao de 2016, quando o país começava a sair de uma forte recessão. Em abril, com uma gradual melhora dos mercados após as ações dos bancos centrais em todo o mundo, a diferença entre déficits e superávits diminuiu para R$ 47,8 bilhões negativos. Em maio, o resultado negativo foi reduzido para R$ 36 bilhões.   

Em dezembro de 2019, segundo a Previc, o setor apresentava saldo líquido positivo de R$ 400 milhões. Ainda assim, o pior momento do déficit neste ano está longe do volume visto em 2015, durante o auge da recessão anterior, quando a diferença negativa alcançou R$ 61 bilhões. 

“A crise ocasionada pela eclosão da pandemia da covid-19 deteriorou significativamente o valor dos ativos financeiros de forma geral em todo o mundo, impactando o Brasil com uma intensidade comparativamente maior”, disse a entidade. 

De acordo com o estudo, os déficits pioraram devido à “queda significativa da rentabilidade acumulada em investimentos na data base de março de 2020, atingindo patamar negativo de 4%”. O maior impacto ocorreu sobre planos mais expostos à renda variável. 

A Previc solicitou a 17 fundos de pensão considerados sistemicamente importantes e a outros 18 não sistemicamente importantes dados contábeis sobre impactos da covid-19. Segundo o órgão, o grupo representa mais de 70% dos ativos do sistema. 

Conforme o regulador, apesar da volatilidade dos mercados, a maioria das entidades fechadas de previdência complementar não vê necessidade de revisar a política de investimentos. Segundo o relatório, os fundos de pensão consideram os cenários de turbulência já contemplados nos planos de investimentos, que são projetados para um horizonte de cinco anos.  

Um dos indicadores que enfrenta deterioração relacionada à crise do coronavírus é o de solvência, embora o reguladora ainda considera a situação sob controle. Os números da Previc mostram que a quantidade de planos com índice acima de 1 (100% de solvência) caiu de 74% no fim de 2019 para 41% em março deste ano. 

A situação é considerada crítica quando a solvência está abaixo de 0,7. Essa quantidade de planos mais que dobrou de dezembro do ano passado para março de 2020. O grupo no menor nível saiu de 3% no fim do quarto trimestre para 7% no último mês do primeiro trimestre deste ano. O percentual de planos com índice de solvência entre 0,7 e 0,9 subiu de 6% no fim de 2019 para 20% em março. Já o grupo entre 0,9 e 1 foi de 18% no ano passado para 32% no fim do primeiro trimestre deste ano. 

Conforme a Previc, não há risco de liquidez para o setor. O relatório indica que o sistema possui liquidez “em volume confortável, sem risco quanto ao pagamento de benefícios no prazo médio para os próximos 24 meses”. No caso das entidades sistemicamente importantes, o órgão informa que todas têm liquidez suficiente para pagar benefícios em prazo superior a um ano, sem a necessidade de venda de ativos. 

O documento reconhece, porém, que, "apesar da inexistência de problemas de liquidez no curto prazo, a deterioração no valor dos ativos em março foram significativos e poderão influenciar os resultados de 2020". Para o regulador, a recuperação observada mais recentemente conjugada à elevada volatilidade do mercado não permite prever com certeza qual será o resultado em dezembro.

Fonte: Valor (13/07/2020)

Nota da Redação: Os planos da Fundação Sistel não apresentaram déficit nesse período de pandemia.

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