Em plena crise do novo coronavírus e em processo de recuperação judicial, a Oi vive uma guerra de ofertas. A americana Highline já estuda fazer uma contraproposta pelos ativos móveis da tele carioca. Na noite de segunda-feira, o grupo formado por Claro, Vivo e TIM informou que está disposto a pagar R$ 16,5 bilhões pela operação de telefonia celular da empresa, que conta com 34 milhões de clientes.
Além disso, as três maiores empresas do setor afirmaram que pretendem fazer um contrato de aluguel de rede da Oi a longo prazo.
Segundo fontes, executivos da Highline, controlada pela gestora americana Digital Colony, estão estudando uma nova oferta pelo ativo da Oi. A companhia fechou exclusividade para negociar com a Oi até 3 de agosto. Ela tem até essa data para acertar nova oferta que barre a das concorrentes.
Ação sobe 123% no ano
A disputa pela operação de celular da Oi fez as ações da companhia dispararem na Bolsa de Valores (B3). Nesta terça, os papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) encerraram em alta de 44,27%, a R$ 2,77. No ano, a ação registra avanço de 123%. Já o papel PN da Vivo teve avanço de 2,45%, para R$ 50,97. As ações ordinárias (ON, com direito a voto) da TIM subiram 2,13%, para R$ 14,88. A Claro não tem ações negociadas no mercado brasileiro.
Na noite de segunda-feira, o grupo formado por Claro, TIM e Vivo divulgou comunicado ao mercado reafirmando o interesse na Oi, após os seus conselhos de administração terem autorizado uma nova oferta pelo principal ativo da tele.
Segundo o comunicado das empresas, a “revisão da oferta vinculante reafirma o interesse em relação à aquisição dos ativos móveis do Grupo Oi, bem como em contribuir com a continuidade do desenvolvimento da telefonia móvel no país, considerando a larga experiência global que possui no setor de telecomunicações e o profundo conhecimento do mercado brasileiro”.
A mensagem irritou os representantes da Highline. A empresa não atua como operadora de telecomunicações e é dona apenas de infraestrutura do setor, como torres de telefonia.
Segundo fontes do setor, a estratégia da Highline seria comprar a operação móvel da Oi e, por meio de um leilão, “vender” os milhões de clientes da empresa. Em seguida, o fundo dos EUA que controla a Highline alugaria as frequências móveis da Oi para as companhias do setor, atuando no chamado “mercado de atacado”.
A estratégia é criticada pelas rivais e pode encontrar resistência dentro do governo.
O problema, explicam as fontes, é que o modelo pensado pela Highline é incipiente e não há previsão legal no país para que ele seja posto em prática. Segundo uma fonte do governo, o tema ainda será discutido.
A simples aceitação do modelo poderia gerar uma onda de questionamentos contra a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Segundo essas mesmas fontes, órgão regulador “não pode mudar a regra no meio do jogo”.
A Vivo, que divulga nesta quarta-feira seu resultados financeiros, lembra que a oferta do grupo “também endereça as necessidades financeiras do Grupo Oi para que este possa implementar seu plano estratégico e atender seus credores”.
Direito de preferência
Em meio às especulações e dúvidas, a Oi soltou nesta tarde um comunicado reafirmando que a Highline tem o direito de preferência até semana que vem e pode negociar um novo preço com a tele. A Highline já havia feito uma proposta para comprar por R$ 1,076 bilhão a unidade de torres da Oi, que também está à venda.
A empresa avalia ainda a compra de até metade da empresa de fibra óptica, a InfraCo, ativo que também está no foco do BTG.
A venda dos ativos ainda vai precisar passar pelo crivo dos credores em uma assembleia, que deve ocorrer em meados de agosto, no Rio. A Oi hoje enfrenta resistência dos bancos (Caixa, Itaú e Banco do Brasil), que criticam a estratégia da tele de vender parte de suas operações. Eles questionam ainda o corte de 60% de seus créditos a receber, proposto pela Oi. Nas duas próximas semanas, a Justiça fará uma mediação com os principais credores para tentar chegar a uma solução.
O que está à venda
Operação móvel
A Oi quer vender sua operação de telefonia móvel. O preço inicial é de R$ 15 bilhões. O BTG já avaliou o ativo em R$ 20 bilhões. Claro, TIM e Vivo fizeram uma proposta de R$ 16,5 bilhões.
Rede de fibra óptica
O plano prevê a criação de uma nova empresa que vai reunir os ativos de infraestrutura em fibra óptica, a InfraCo. O objetivo da tele é vender de 25% a 51% das ações, arrecadando entre R$ 6,5 bilhões e R$ 13 bilhões. BTG e Amos Genish estão interessados no ativo. A venda deve ocorrer até ano que vem.
Torres de radiofrequência
As torres de radiofrequência internas e externas serão reunidas em uma unidade de negócios que será vendida. A tele já anunciou que está em conversas com a empresa Highline, controlada pelo fundo Digital Colony, que ofereceu R$ 1,076 bilhão. A expectativa é fechar o negócio em outubro.
Data center
A tele vai se desfazer de seus data centers, com valor inicial de R$ 325 milhões. São cinco, localizados em Curitiba, Porto Alegre, São Paulo e Brasília (com duas unidades). A companhia tem proposta vinculante com o fundo de investimento Piemont Holding. A venda deve correr em outubro, também em leilão.
Fonte: O Globo (29/07/2020)
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