A partir da próxima semana a Claro passa a oferecer serviços 5G em bairros do Rio de Janeiro e de São Paulo. Na capital fluminense, a cobertura de quinta geração começará por Ipanema, enquanto em São Paulo foram escolhidas as regiões dos Jardins e da avenida Paulista. Até o fim de setembro, a operadora planeja expandir o serviço nos dois Estados, alcançando um total de nove bairros no Rio e 12 na capital paulista.
Com o lançamento, divulgado pelo Valor no dia 2, a Claro se adianta à realização do leilão de frequências que serão usadas no 5G. A licitação só deverá ocorrer em 2021, em virtude de atrasos provocados pela pandemia. A solução para prestar o serviço sem adquirir as faixas que serão oferecidas no leilão foi utilizar frequências que a operadora já possui.
“Essa tecnologia, a 5G DSS, te permite entregar uma experiência 5G no ‘grid’ [rede] atual. Ou seja, você pega o mesmo conjunto de antenas que você tem, coloca essa tecnologia, e pode dispor do serviço de imediato”, explica Paulo César Teixeira, presidente-executivo da unidade de Consumo e PME (pequenas e médias empresas) da Claro.
A tecnologia de compartilhamento dinâmico de espectro (DSS, na sigla em inglês) permite à operadora agrupar virtualmente suas frequências e utilizar alternadamente aquelas que estiverem sendo menos usadas. Os recursos de rede são distribuídos automaticamente para atender aos smartphones atuais - conectados à rede 4G, por exemplo - e aos novos celulares compatíveis com o 5G. “Vamos usar o espectro atual do 4G.
Vamos conviver com os dois ‘standards’ [padrões], o 4[G] e o 5[G] de forma compartilhada, sem prejuízo para nenhum dos lados”, argumenta Teixeira. Isso não quer dizer que a empresa vá abrir mão de participar do leilão de 5G a cargo da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A aquisição de frequências adicionais vai permitir o aumento de capacidade da rede 5G. “Vamos estar, naturalmente, nesse leilão”, afirma o executivo, para depois acrescentar que a Claro vai adquirir espectro no certame.
Presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude explica que o 5G pode ser oferecido em qualquer frequência. O problema é que consome muita banda, ou seja, ocupa boa parte da faixa de frequência utilizada. “A Claro consegue oferecer o 5G [com a tecnologia de compartilhamento dinâmico de espectro], mas não montar uma rede cheia de clientes”, diz o engenheiro com mestrado em telecomunicações. “Para fazer em massa, vai precisar de mais banda.”
Diretor de desenvolvimento de Negócios da Qualcomm, Fiore Mangone argumenta que, como o espectro eletromagnético é um recurso escasso e caro, todas as frequências disponíveis podem e devem ser usadas para o 5G. “Essa é uma tendência de evolução das tecnologias e de uso desse espectro”, sustenta. A americana Qualcomm fabrica o chip e o modem que equipam o smartphone Motorola Edge, primeiro aparelho compatível com o 5G oferecido pela Claro no país.
A expectativa da operadora é de que outros lançamentos de aparelhos compatíveis com o serviço ocorram até o fim do ano. O preço do Motorola 5G para quem contratar o plano pós-pago de 50 gigabytes (GB) da operadora é de R$ 3.228, parcelados em 12 vezes. No site da Motorola, o mesmo smartphone está disponível por R$ 5.499. A produção do Edge ficará a cargo das fábricas da Motorola em Jaguariúna (SP) e Manaus (AM).
Em novembro do ano passado, a sueca Ericsson anunciou um investimento de R$ 1 bilhão ao longo de cinco anos para modernizar sua fábrica em São José dos Campos (SP) e adaptá-la à produção de equipamentos 5G.
Os testes do 5G DSS da Claro no país começaram em outubro do ano passado, em conjunto com Ericsson, Qualcomm e Motorola. A velocidade máxima de conexão medida nos testes foi de 400 megabits por segundo (Mbps), comparável à de uma conexão de banda larga por fibra óptica. Do ponto de vista do usuário de telefonia móvel, as principais diferenças entre o 4G e o 5G estão na velocidade de download e na latência (tempo de resposta).
Em relação ao padrão do 4G, a velocidade do 5G é pelo menos cem vezes mais rápida. A latência - tempo que um conjunto de dados leva para trafegar pela rede chegar até um servidor e voltar - fica em torno de um milissegundo no 5G. Esse tempo de resposta é 50 vezes menor do que no 4G.
“O 5G está tendo uma aceleração muito rápida. No fim do ano passado, havia 13 milhões de assinantes 5G no mundo. Este ano a previsão é de que cheguemos a 200 milhões”, compara Eduardo Ricotta, presidente da Ericsson para a América Latina. Para 2025, a projeção é de que esse total alcance o patamar global de 3 bilhões de assinantes.
Na América Latina, a pioneira na oferta do 5G foi a operadora uruguaia Antel, que lançou no ano passado um serviço fixo de dados baseado na tecnologia. “Além disso, muitos testes não comerciais foram desenvolvidos desde 2017 em toda a região, tendo o mais recente anúncio sido feito na Colômbia”, diz Alejandro Adamowicz, diretor de Tecnologia e Estratégia para a América Latina da GSMA. A associação representa mais de 750 operadoras e 400 empresas do mercado de telefonia móvel.
Além de Ipanema, dos Jardins e da Paulista, a Claro vai prover o serviço 5G na comunidade carente de Paraisópolis, na periferia de São Paulo. A ação social do Instituto Claro, em parceria com entidades de apoio à telemedicina e à educação a distância, deverá resultar na instalação de uma rede de acesso por Wi-Fi conectada a roteadores 5G. O acesso à internet será gratuito.
Fonte:Valor (08/07/2020)
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