Os planos de saúde tiveram uma redução de 283.677 usuários entre março e maio: 47,113 milhões contra 46,829 milhões de pessoas, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
A maior queda no número de beneficiários da saúde suplementar foi registrada nos contratos empresariais, o que reflete a crise econômica que se abateu sobre o país desde o início da pandemia do novo coronavírus.
De acordo com dados do IBGE, a taxa de desocupação ficou em 12,3% no trimestre encerrado em maio, a maior desde o início da série do instituto, em 2012. Já são 12,7 milhões de desempregados no Brasil, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc).
A segunda maior retração do setor foi registrada entre os planos individuais e familiares com uma redução da base de usuários nesses dois meses de 90.508 mil pessoas.
Na avaliação do advogado Marcos Patullo, especializado em direito à saúde do escritório Vilhena Silva Advogados, a redução dos usuários de planos individuais está relacionada ao cancelamento de contrato em virtude da inadimplência:
– Com a queda na renda de muitos brasileiros, algumas pessoas enfrentarem dificuldades para negociar os valores das mensalidades com os planos de saúde, pois eles não abriam diálogo com os consumidores. A esperança de muitos caiu por terra após a ANS anunciar que apenas 9 das 1.200 operadoras aceitaram liberar o atendimento aos inadimplentes em troca de ter acesso a recursos de um fundo garantidor.
A única alta registrada no período foi entre os planos coletivos por adesão (aqueles que podem ser firmados via associações de classe, sindicatos) que somaram 15.928 novos contratos.
Maio foi também o mês em que os planos de saúde registraram o menor uso por seus beneficiários desde o início da série histórica iniciada pela ANS em 2016. A suspensão de cirurgias e exames eletivos por conta da pandemia por coronavírus, fez o desembolso das operadoras frente ao valor recebido de mensalidades cair de 76% abril para 66% em maio.
Na avaliação da agência reguladora, o cenário atual do setor em relação a usuários é de estabilidade, com pequenas oscilações em relação aos meses anteriores. Comparado a maio do ano passado, o número de usuários da saúde suplementar encolheu apenas 0,26%, de 46.953.877 para 46.829.760.
Vera Valente, diretora executiva da FenaSaúde - entidade que congrega as maiores empresas do setor - também diz que ainda não é possível se afirma que queda de beneficiários registrada nos últimos dois meses pela ANS configura uma tendência ou é apenas mais uma oscilação. Ela lembra que em março o saldo positivo foi de 71 mil novos beneficiários no total de cobertura médico-hospitalar.
- O que é certo é que o setor de saúde suplementar precisa estar apto aos novos tempos, com mudanças regulatórias que permitam ampliar a oferta e o acesso e façam frente as maiores dificuldades dos contratantes decorrentes da crise econômica e da piora acentuada do mercado de trabalho em função da Covid-19 - ressalta a executiva.
A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) destaca ainda que o setor é diretamente impactado pelo número de empregos formais e renda da população.
Segundo o índice mensal de Interesse por Planos de Saúde, desenvolvido pela Abramge com base em informações disponibilizadas pela ferramenta Google Trends, que medem a procura pelo tema, o mês de junho atingiu 70,7 pontos, o menor patamar desde março de 2018.
Fonte: O Globo (07/07/2020)
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