quarta-feira, 12 de agosto de 2020

TIC: Consórcio teles móveis já esboça a partilha da base de clientes da Oi



Claro, TIM e Telefônica iniciaram contato com o Cade. SP deve passar a contar com a Tim competindo com a Vivo no lugar da Oi

Mais próximo de adquirir o negócio de telefonia móvel da Oi, o consórcio formado por Claro, TIM e Telefônica ensaia a divisão da base de clientes da Oi. Já em contato com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o trio trabalha na formatação de uma proposta para repartir os clientes da Oi - quase 34 milhões no fim de março.  

No Estado de São Paulo, por exemplo, a TIM absorveria os 4,18 milhões de clientes de telefonia móvel da Oi na área do código 11 (DDD, ou discagem direta a distância), segundo apurou o Valor.   

A lógica por trás dessa divisão está em incorporar os clientes da Oi à mais fraca das três operadoras em determinado Estado. Ou, em alguns casos, em uma região delimitada, com base no código de área (DDD). Mas uma fonte que acompanha as negociações destaca que há outras variáveis em análise pelas três operadoras. “A conta não é feita olhando uma fotografia da participação atual. É levada em consideração a evolução média de marketing share”, explica a fonte, referindo-se ao caso do DDD 11.  

Só nesse código de área específico há 37,38 milhões de linhas móveis registradas, de acordo com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) compilados pela consultoria Teleco. Ao fim de junho, Claro e TIM estavam praticamente empatadas na vice-liderança no DDD 11, atrás da Telefônica (dona da marca Vivo). Detinham, respectivamente, 23,2% e 23,7% de participação de mercado nesta região, segundo a Teleco. 

Na sexta-feira, o consórcio de teles e a Oi firmaram um acordo de exclusividade para negociar um pré-contrato que, uma vez assinado, daria ao trio o direito de cobrir qualquer uma das ofertas apresentadas num futuro leilão de ativos móveis da companhia em recuperação judicial. Além disso, a proposta de R$ 16,5 bilhões serviria de ponto de partida no certame judicial. Fontes de mercado confirmaram que representantes de Claro, TIM e Telefônica já iniciaram os contatos com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).  

Na região Nordeste, onde a Oi lidera nos mercados de Pernambuco, da Paraíba e do Ceará, a maior parte dos clientes do serviço móvel da operadora em recuperação judicial migraria para a Telefônica (dona da marca Vivo), conforme apurou o Valor. O market share da Vivo no Nordeste estava em torno de 20% em junho, menor percentual entre as quatro maiores operadoras de atuação nacional.  

No Estado do Rio de Janeiro, a fatia de mercado da Oi era de 13,8%, o equivalente a 2,52 milhões de linhas móveis, pelos cálculos da Teleco. Esses clientes ficariam com a TIM, caso a oferta feita pelo consórcio seja vencedora num futuro leilão judicial de ativos móveis da Oi, de acordo com informações apuradas pelo Valor. Já no Paraná os clientes de telefonia móvel da Oi migrariam para a Claro - a operadora controlada pela América Móvil detinha em junho uma participação de 17,1% neste mercado.  

Nacionalmente, a Oi é a quarta colocada no mercado de telefonia móvel. O market share da companhia era de 16,29% ao fim do primeiro semestre deste ano, atrás portanto de TIM (23,11%), Claro (25,99%) e Vivo (33,05%).  

“A Oi tem hoje milhões de clientes em clara desvantagem competitiva. As três [concorrentes], de forma isolada, a atacam com facilidade, ou seja, 15% a 20% do mercado não é competitivo”, argumenta o consultor Eduardo Levy, da Virtus Soluções. “A compra e posterior divisão dos ativos, aí incluídas as frequências, vai dar mais equilíbrio ao mercado, ou seja, vai aumentar a competitividade”, acrescenta Levy, ex-presidente do sindicato reúne as maiores operadoras do país (SindiTeleBrasil).   

A venda do negócio de telefonia móvel e de outros ativos da Oi ainda depende do aval de credores da companhia reunidos em assembleia. A nova assembleia geral de credores (AGC) da Oi, na qual está prevista a votação do aditamento ao plano de recuperação judicial da operadora, deverá ser marcada para 8 de setembro, segundo fonte que acompanha o processo.  

Na última sexta-feira, o juiz Fernando Viana, da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, onde corre o processo de recuperação judicial da Oi, determinou que a assembleia seja realizada de forma presencial no início do próximo mês. A operadora tem cerca de 50 mil credores.  

Procuradas por meio de suas assessorias de imprensa, Claro, TIM e Telefônica não quiseram comentar como se daria a divisão da base de clientes da Oi em caso de vitória num futuro leilão.

Fonte: Valor (11/08/2020)

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