quarta-feira, 24 de maio de 2023

Fundos de Pensão: Conselheiros de EFPCs precisam ter melhor preparo, aponta Tatulli



Formação e certificação de conselheiros de EFPCs é muito fraca

O ex- diretor superintendente e AETQ da E-Invest by Previ-Ericsson, Rogério Tatulli, que no mês passado deixou a fundação após 13 anos e montou a consultoria Etrusca Finanças, especializada em previdência complementar, avalia que as exigências do atual processo de certificação de conselheiros dos fundos de pensão estão distantes das reais necessidades da função, pois a carga de 36 horas anuais não é nem de longe capaz de preencher esses requisitos. Segundo ele, o sistema precisa contar com consultores capacitados e capazes de olhar para o ecossistema da previdência complementar como um todo. 

“É preciso que eles ampliem seu conhecimento além dessa carga horária para serem mais atuantes, sem “dar palpite em tudo”. Os conselheiros devem compreender os limites de seu papel, dentro das regras estatutárias, e ao mesmo tempo aprender a olhar para o que está sendo feito pelas demais fundações”, afirma Tatulli. 

A atual legislação impõe a obrigatoriedade de certificação, mas o profissional escolhido como conselheiro não pode ficar limitado a esse processo. “Na verdade, 36 horas/ano, carga nos cursos do ICSS, por exemplo, é muito pouco, quase nada, porque para contribuir de fato o conselheiro tem que participar o máximo possível das decisões da entidade, seja na área atuarial, de investimentos e de governança. A qualidade das perguntas que ele fará no âmbito do conselho é fundamental e, para isso, é necessário conhecimento dos assuntos abordados”, afirma. 

O processo de diversificação dos investimentos é um exemplo de que os conselheiros precisam estar melhor preparados. “Um fundo de pensão não pode montar e desmontar seus portfólios a todo instante; a entidade precisa atuar em todos os segmentos, acelerando ou desacelerando suas estratégias conforme as condições do mercado, mas sem renunciar a qualquer classe de ativos”, diz. 

O caso dos FIPs (Fundos de Investimento em Participações) é um exemplo disso, observa Tatulli, porque a entidade deve montar suas estratégias olhando para diferentes safras e oportunidades, ao invés de simplesmente entrar ou sair da classe em função da conjuntura. "Apenas o conselheiro bem preparado vai compreender isso", afirma.

Fonte: Invest. Institucional (22/05/2023)

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