Patrimonio dos fundos de pensão já representa 11,9% do PIB ou R$ 1,18 trilhão
A Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), entidade que reúne os fundos de pensão, anunciou nesta quinta-feira que o setor teve uma expansão de 6% em 2022 e chegou um patrimônio total de R$ 1,18 trilhão, o que representa 11,9% do Produto Interno Bruto (PIB) do País. Em entrevista coletiva, o presidente da Abrapp, Jarbas Antônio de Biagi, afirmou que o avanço é resultado de "captação positiva".
"Não é só [resultado da] rentabilidade [dos fundos]. Foram R$ 30 bilhões a mais, além dos pagamentos de R$ 88 bilhões em benefícios", disse Biagi. Os R$ 88 bilhões foram destinados a 793 mil aposentados e pensionistas em 2022. Além dos beneficiários, segundo a Abrapp, o sistema tem 2,6 milhões de contribuintes ativos e 3,7 milhões de dependentes, num total de 7,1 milhões de pessoas.
De acordo com Biagi, houve crescimento expressivo de novos modelos de planos adotados pelo setor, como os Planos Família, nos quais os familiares do contribuinte passam a ser integrantes, com 64% de aumento no valor total de ativos em 2022. Ele citou a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, como exemplo de adoção da modalidade.
A rentabilidade média anual do sistema foi de 9,31%, ante 5,88% em 2021. A variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação do Brasil, foi de 5,79% no ano passado. Os investimentos em renda fixa representaram 78,2% dos ativos dos fundos e tiveram rentabilidade de 9,94%. A renda variável respondeu por 13,7% da carteira e teve retorno de 7,91%.
Na renda fixa, a maior parte dos recursos está investida em fundos de investimentos, seguidos de títulos públicos e, por último, papéis privados. "Com esta taxa de juros (Selic a 13,75% ao ano), os gestores têm certo conforto com os títulos públicos", afirmou Biagi, lembrando que títulos do Tesouro são considerados de risco zero no mercado doméstico.
Ele avalia, no entanto, que conforme a taxa de juros cair, os fundos de pensão terão de aumentar a exposição à renda variável.
De acordo com a Abrapp, o déficit líquido do setor caiu 56% em 2022, para R$ 16 bilhões. Biagi explica que isso não quer dizer que o sistema em si é deficitário, mas que há um "déficit conjuntural", especialmente no segmento de planos de benefícios definidos vitalícios, que podem demandar contribuições extraordinárias dos participantes. Ele acrescentou que em janeiro de 2023 o saldo negativo já havia recuado para R$ 12,3 bilhões, e que o número representa pouco mais de 1% do total de ativos da atividade.
Projeção
Para este ano, Biagi avalia ser possível um avanço de 10% a 15% no setor, principalmente em função do Regime de Previdência Complementar (RPC) dos entes federativos. Estados e municípios foram obrigados a criar instrumentos assim pela Reforma de Previdência de 2019. De acordo com a Abrapp, até dezembro de 2022, 26 entidades associadas já faziam a gestão de 603 planos do gênero, e 1.254 municípios estavam em vias de constituir instrumentos assim.
"A nação entende que a previdência complementar é importante na medida em que o regime geral (INSS) e o público caminham para a diminuição", comentou Biagi. Ele calcula em 1 milhão o número de servidores públicos de estados e municípios com potencial de adesão a planos de previdência complementar. A Abrapp tem 272 instituições associadas.
Biagi comentou ainda eventual impacto no sistema do lançamento em janeiro, pelo Tesouro Nacional, do Tesouro Renda+ Aposentadoria Extra. "Terá um impacto sim", afirmou. Ele destaca que o setor não considera o Renda+ exatamente um competidor, pois avalia que não o vê como produto de previdência, mas de poupança.
Fonte: Brodcast (18/05/2023)
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