quinta-feira, 18 de maio de 2023

TIC: Fibra ocupa espaço do cobre em banda larga e telefonia. Roubo é uma das razões aqui no Brasil



Brasil registrou 2,53 milhões de cabos metálicos para acessar a internet em 2022 frente a 13,76 milhões 5 anos antes 

Na esteira da expansão das redes de fibra óptica pelo país, minguaram as conexões de banda larga fixa baseadas na transmissão de dados via cabo metálico. No fim de 2017, havia no país 13,76 milhões de acessos de banda larga deste tipo, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Cinco anos depois, ao término de 2022, o total de conexões atendidas por meio de cabos de cobre era de 2,53 milhões.  

“Em dois anos, esse total será residual”, projeta Eduardo Tude, diretor-presidente da consultoria Teleco. Superior ao cobre no quesito velocidade de transmissão de dados, a fibra é também menos suscetível a interferências, explica o especialista. A tecnologia xDSL, que aproveita os cabos de cobre utilizados em linhas de telefonia fixa, até permite a oferta de velocidades altas, mas em distâncias curtas.  

A fibra óptica avança também pelo segmento de telefonia fixa. No fim do ano passado, já havia mais telefones fixos ligados a redes de fibra (11,4 milhões) do que a cabos de cobre (10,3 milhões), de acordo com dados compilados pela Teleco. “O telefone fixo [conectado a redes de cobre] é que vai demorar mais para desaparecer”, afirma Tude.  

A provável demora está relacionada não apenas a questões técnicas mas também a entraves regulatórios que afetam diretamente as concessionárias do serviço de telefonia fixa. Em março de 2023, o Tribunal de Contas da União (TCU) publicou decisão que determinou à Anatel o cálculo do valor de mercado dos bens mais relevantes das concessões de telefonia fixa, os chamados “bens reversíveis.”   

“De acordo com o critério inicial adotado pela Anatel, os bens reversíveis custariam para as empresas R$ 22,34 bilhões, que deveriam ser ‘pagos’ pelas atuais concessionárias [ Claro / Embratel, Telefônica / Vivo, Sercomtel, Algar Telecom, e Oi ] à União, através de novos investimentos nas redes de telecomunicações”, explica Rafael Pistono, sócio do escritório PDK Advogados. “Por outro lado, as concessionárias alegam que a União tem uma dívida total de R$ 56, 4 bilhões com elas.”  

Com a convergência dos serviços, as concessionárias de telecomunicações se viram diante da necessidade de modernizar suas redes, substituindo o cobre pela fibra óptica. “O desafio, com o fim das concessões dos serviços de telefonia que ocorrerá em 2025, é justamente promover um modelo de custos que equalize esta equação: garantir às empresas o retorno do investimento que foi empreendido na modernização de rede, bem como à União, o valor que deve ser retornado por meio dos bens reversíveis”, diz Pistono.  

Na Espanha, a Telefónica anunciou em abril o fechamento até 2024 de todas as suas centrais que estão conectadas a redes de cabos de cobre. No Brasil, ainda pesam os aspectos regulatórios. “A tendência [de substituição do cobre pela fibra] é claro que existe. E a vontade, também. Mas estamos aqui ainda no fim da concessão [do serviço de telefonia fixa]. Neste momento, o mais pertinente seria esperar esse processo: 2025 está muito próximo e com isto poderíamos tomar decisões muito mais precisas”, afirma Christian Gebara, diretor-presidente da Telefônica Brasil.  

Tanto Telefônica quanto Oi, as duas maiores concessionárias de telefonia fixa do país, investem pesadamente em fibra, de olho num segmento que representa quase um terço do mercado brasileiro de banda larga. “O cobre já deixou de ser viável para uma boa parte da base”, resume um executivo do setor que pediu para não ter seu nome citado. “A manutenção de uma rede de cobre com pouquíssimos usuários custa mais do que a receita que gera”, acrescenta a fonte.   

Além das desvantagens tecnológicas e do custo de manutenção, o cobre está muito mais sujeito a furtos, devido ao seu preço de revenda, enquanto a fibra não tem valor comercial em ferros-velhos. Ainda assim, no ano passado, dos 4,72 milhões de metros de cabos de telecomunicações roubados ou furtados no Brasil, 77,5% eram de cobre e 22,5%, de fibra ou outro material, segundo o Conexis Digital Brasil. O sindicato reúne algumas das maiores operadoras do país.  

Presidente-executivo do Conexis, Marcos Ferrari diz que a explicação mais provável para o roubo de cabos de fibra é a falta de conhecimento dos criminosos, que muitas vezes acreditam estar levando cobre. Em 2022, São Paulo foi o Estado mais afetado pelo roubo ou furto de cabos de telecomunicações, com 1,03 milhão de metros.

Fonte: Valor (16/05/2023)


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