Além de mentir sobre empréstimo consignado, os criminosos têm se especializado também em oferecer ajuda para pessoas conseguirem aposentadoria, mesmo sem terem feito todas as contribuições ao INSS. Mas é tudo golpe.
Dezenas de quadrilhas de estelionatários estão aplicando golpes contra aposentados do INSS.
Todas as vezes que o telefone toca, e não são poucas, a assistente administrativa Maria da Conceição já desconfia.
“Eles dizem que são agentes do INSS, oferecem crédito consignado com juros mais baixos. É de segunda a segunda”, conta.
E o pior, é que do outro lado da linha está um golpista que - muitas vezes - sabe muito sobre ela. “Já atendi telefonema e a menina sabia tudo da minha vida, do meu bancário, do meu modo bancário. Minha filha que me avisou, me deu um toque: ‘mãe, isso é golpe’”, relata.
Além de mentir sobre empréstimo consignado, as quadrilhas têm se especializado também em oferecer ajuda para pessoas conseguirem aposentadoria, mesmo sem terem feito todas as contribuições ao INSS. E até para fazer revisão que aumentaria o valor do benefício. Mas é tudo golpe. E bem planejado.
O material apreendido pela Polícia Civil do Rio, no escritório de uma quadrilha, mostra que os golpistas seguem uma espécie de manual para se aproximar e enganar as vítimas:
- Primeiro, o que dizer. No roteiro, frases como: “O meu contato é referente a uma economia que está sendo disponibilizada nos seus consignados”.
- Depois, como dizer. “Falar com entusiasmo e alegria na voz”, “Elogiar a foto do perfil no aplicativo de conversas”
- E ligar todos os dias enquanto a proposta estiver em andamento.
Em vários casos, a polícia já investiga se há envolvimento de funcionários de instituições bancárias. Mas, na maioria das vezes, esse é um tipo de crime que só pode ser aplicado se houver a colaboração da vítima. É quando ela é enganada e levada a entregar informações e dados que dão à quadrilha o que ela precisa para botar o golpe em prática.
“Eles convencem essas pessoas a fornecer seus documentos com fotos, dados bancários. Dessa forma, eles conseguem realizar empréstimos fraudulentos, fazendo com que aquele idoso fique com enormes parcelas futuras a pagar. E o dinheiro cai, na verdade, na conta de um fraudador”, explica o delegado André Prattes.
Foi assim com um segurado do INSS entrevistado pelo Jornal Nacional e que não quis se identificar.
“Entraram em contato. Aí, eu falei: ‘tem como mandar mensagem pelo WhatsApp?’ Aí eles me ligaram. Mandaram mensagem para pedir dados. Aí me mostraram meus dados do banco, do INSS, mostraram tudo. Margem, falaram que eu tinha margem, que era para fazer um refinanciamento, um falso refinanciamento, no caso, que eu não teria dor de cabeça”, relata.
Ele acreditou. E perdeu R$ 9 mil.
“Foi uma pancada, cara, caí em choro. Porque, por mais que eu já pressentia isso, mas quando você sabe a verdade mesmo, destrói a pessoa por dentro”, conta.
Para não cair em golpes, tem que desconfiar sempre. E saber que o INSS só entra em contato para avisar sobre o funcionamento de uma agência, para marcar um agendamento. Nunca para pedir informações, dados, documentos ou a biometria do segurado.
“O INSS não manda WhatsApp pedindo confirmação de dados. Nós temos os dados do segurado. Os nossos canais oficiais são "Meu INSS", 135 e as nossas agências espalhadas em todo país por meio das quais ele pode tratar diretamente conosco”, explica Glauco Wamburg, presidente do INSS.
Fonte: g1 (05/05/2023)
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