Cada vez mais parecidas com empresas de tecnologia, operadoras miram negócio de US$ 1 bi neste ano
No caminho para se parecerem mais com empresas de tecnologia do que de telecomunicações, as operadoras de telefonia tiveram que se preocupar também com a segurança dos dados de seus clientes. Os ataques cibernéticos ameaçam empresas de pequeno a grande porte e instituições governamentais, o que tem reforçado essa linha de negócios para as teles, que concentram de centenas a milhares de clientes. O mercado é amplo e a competição, acirrada.
A Oi Soluções registrou mais de 17% de crescimento da receita de produtos de segurança cibernética em 2021 na comparação com o ano anterior. Para 2022, a projeção é de alta de 40%. Na Telefônica, dona da Vivo, cibersegurança integra a receita de serviços digitais ao mercado empresarial (B2B, na sigla em inglês), que alcançou R$ 2,3 bilhões no acumulado de 12 meses, encerrado no segundo trimestre, com avanço de 36% em base anual. A Embratel, do grupo Claro, tem uma equipe demais de 200 pessoas no segmento, que cresce dois dígitos por ano. TIM e Algar Telecom também avançam em serviços digitais de proteção e defesa.
As empresas de pesquisa indicam um mercado promissor. De acordo com a IDC Brasil, os gastos das empresas que usam serviços de segurança digital no país deverão alcançar quase US$ 1 bilhão em 2022. Os dados fazem parte do estudo IDC Predictions Brazil. O valor equivale a um crescimento médio de 10% ao ano desde o início da pandemia, em 2020. Paralelamente, os sistemas de segurança deverão ultrapassar US$ 860 milhões.
Oi, Embratel, TIM, Algar e Telefônica avançam na venda de serviços de proteção de dados e defesa contra ataques
Já a Check Point Research (CPR), divisão de inteligência em ameaças da Check Point Software Technologies, diz que os ataques cibernéticos cresceram 46% no país, no segundo trimestre de 2022 versus igual período de 2021. Isso significa que as organizações foram atacadas 1.540 vezes semanalmente.
Nesse sentido, a 25ª CEO Survey, de 2022, da consultoria PwC, indica que os riscos cibernéticos são a segunda maior preocupação dos presidentes de empresas no Brasil (50%), atrás apenas da instabilidade macroeconômica (69%).
Estudo da Tempest Security Intelligence, controlada pela Embraer, mostra que o orçamento das empresas com segurança cibernética avançarão 69% neste ano frente a 44% em 2021. Para 53,5% das empresas, o orçamento será de até R$ 250 mil. Em 80% das pequenas e médias empresas (PMEs), os gastos vão a R$ 400 mil, e as que faturam acima de R$ 1 bilhão têm orçamento de R$ 4,3 milhões.
É de olho nesse potencial do mercado que as operadoras de telefonia buscam se firmar.
O relatório fiscal do segundo trimestre da Vivo mostra cibersegurança como a menor fração diante das demais receitas que compõem os serviços digitais - computação em nuvem, internet das coisas etc. Mas cibersegurança permeia todas as linhas de negócios, diz Alex Salgado, vice-presidente de B2B da Telefônica Brasil.
O portfólio de clientes da Vivo vai de pequenas a grandes corporações, embora a maior fatia da receita provenha de companhias médias para cima, mais avançadas na implementação de segurança cibernética. Para as empresas menores, o foco é trabalhar a conscientização. “Os ataques podem levar à falência de pequenas empresas. Às vezes pensam que [o serviço] é caro, mas depende do porte de cada companhia”, diz Salgado.
A Vivo tem um centro de operações em Alphaville, na região metropolitana de São Paulo, onde mantém um backup, com 300 funcionários especializados em segurança, integrado a instalações semelhantes do grupo espanhol Telefónica em sete países. São 11 centros de operação ligados ao Brasil.
Com 3 mil clientes recorrentes, entre pequenas, médias e grandes empresas, a Vivo fez mil projetos específicos no primeiro semestre, que incluem consultoria, entre outros serviços, diz Salgado. A operação de segurança cibernética surgiu como embrião em 2015, e há dois anos foi criada a empresa dedicada ao serviço no país.
Sobre o futuro do serviço, Salgado diz que as tecnologias de detecção de vulnerabilidade, assim como para remediar e proteger, evoluem e são feitas pesquisas praticamente diárias sobre o tema. “Será um mercado de franco crescimento, sem perspectiva de fim do ciclo de crescimento, porque tem lacuna importante das empresas que implementam versus as que não fazem isso. As tecnologias vão ficando mais sofisticadas.”
Entre as evoluções tecnológicas, o vice-presidente da Vivo cita automação e inteligência artificial. “Para entender rapidamente e identificar o ataque à companhia tem que relacionar muitos dados. A inteligência artificial ajuda a acelerar detecção e ameaças, identifica, monitora tendências, alerta, envia informações para o especialista e também pode atuar automaticamente para resolver.”
A Embratel já vinha atuando de alguma forma com serviços que envolvem segurança da rede há dez anos, diz Mário Rachid, diretor-executivo de soluções digitais. Nos últimos dois a três anos, o portfólio passou a evoluir mais para dentro da empresa do cliente, com análise de vulnerabilidade, segurança na computação em nuvem, envolvendo parceiros e toda a parte de acesso à internet.
Dez hackers (“ethical hackers”), contratados como funcionários, testam continuamente os sistemas de segurança. “Só não pode o hacker mudar de lado”, brinca o diretor da Embratel.
Nessa área, a Embratel tem mais de 300 clientes, de médio e grande porte. Agora, começa a testar as PMEs, segmento muito pulverizado. “Precisávamos encontrar soluções que pudéssemos entregar rapidamente, pouco customizáveis. É um mercado potencial”, diz Rachid.
Para a Oi, a projeção de crescimento em 2022 terá por base o amadurecimento das empresas quanto à segurança da informação no cenário de digitalização.
Na Algar Telecom, os clientes podem conferir sistemas que são capazes de atuar na detecção, mitigação, proteção e recuperação de dados, informa a companhia. O público-alvo são as empresas de pequeno a grande porte.
A TIM informa que basicamente tem três sistemas para clientes na área de segurança cibernética - proteção da rede de dados do cliente contra ataques de negação de serviço (DDoS), proteção dos servidores de internet e testes de invasão.
Fonte: Valor (13/09/2022)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
"Este blog não se responsabiliza pelos comentários emitidos pelos leitores, mesmo anônimos, e DESTACAMOS que os IPs de origem dos possíveis comentários OFENSIVOS ficam disponíveis nos servidores do Google/ Blogger para eventuais demandas judiciais ou policiais".