segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Aposentadoria: Para quem não tem fundo de pensão, qual é melhor para a aposentadoria, Tesouro RendA+, PGBL ou VGBL?



Especialistas destacam que planos de previdência privada são mais flexíveis do que o novo título do Tesouro

Há cerca de um mês, o Tesouro Nacional lançou uma nova opção de título de renda fixa voltado especificamente para o planejamento da aposentadoria, o Tesouro RendA+. A novidade fez sucesso: somente na primeira semana no mercado foram R$ 60 milhões em aportes. Ainda assim, segundo especialistas ouvidos pelo E-Investidor, o título público ainda fica atrás dos planos de previdência privada.

Parecido com os demais títulos do Tesouro, o pagamento do RendA+ é feito mensalmente com aportes mínimos a partir de R$ 30. Ao adquirir o ativo, o investidor terá de escolher uma entre oito datas disponíveis para o vencimento: 2030, 2035, 2040, 2045, 2050, 2055, 2060 e 2065.

Só a partir da data escolhida é que começa a receber as amortizações em parcelas mensais de mesmo valor durante 20 anos – por isso o título está sendo associado à aposentadoria.

Veja as vantagens e as desvantagens do Tesouro RendA+

Para a educadora financeira Simone Sgarbi, o RendA+ é indicado para quem não tem disciplina para poupar. “O título permite deixar os investimentos programados e propicia que os rendimentos sejam recebidos aos poucos de forma mensal”, destaca.

O RendA+ entra na concorrência de um mercado com foco de longuíssimo prazo e bastante dominado pelos planos de previdência privada, nas modalidades Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) e o Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL). Esses ativos são produtos importantes nas carteiras dos grandes bancos e tiveram um aumento de 11% na captação em 2022.

Apesar de serem produtos de prazos longos e com o mesmo objetivo– uma renda complementar para ajudar na aposentadoria –, a previdência privada ainda oferece algumas vantagens se comparada ao novo título do Tesouro.

“Vejo com bons olhos o lançamento de novos títulos do Tesouro voltados a essa estratégia de longo prazo, mas ainda existe uma distância muito grande da indústria de previdência complementar em relação a benefícios, estrutura e maturidade”, afirma Danilo Carrillo, especialista em previdência e seguros da Warren.

Vantagens e desvantagens

A primeira diferença entre os ativos é a flexibilidade e diversidade de opções que o PGBL ou o VGBL permite.

O RendA+ funciona como um título híbrido indexado à inflação, ou seja, vai remunerar o investidor uma taxa contratada mais o IPCA do período. Uma vantagem, já que garante um rendimento real independentemente do cenário macroeconômico das próximas décadas.

Por outro lado, os planos de previdência funcionam como fundos de investimento, podendo alocar na renda fixa, variável ou em multimercados, por exemplo. Uma flexibilidade que permite ao investidor ter ganhos maiores, a depender da característica do produto escolhido.

“No título do Tesouro, você tem uma única opção. Do outro lado, a previdência tem várias, que inclusive conseguem refletir também a estratégia de renda fixa”, diz Carrillo.

O especialista da Warren destaca ainda a flexibilidade da previdência privada em termos de recebimento dos valores aplicados. “No final do plano, o investidor pode optar por uma renda vitalícia, temporária e por um prazo certo, reversível a um beneficiário, ou resgate total”, pontua. No RendA+, a única opção é resgatar aquele valor em parcelas durante 20 anos.

A outra diferença entre as duas classes de ativos é a tributação – que também joga a favor da previdência privada para quem carregar as aplicações até o prazo de vencimento. No RendA+, assim como nos outros títulos do Tesouro, a alíquota mínima do Imposto de Renda é 15%, frente a 10% nos planos PGBL ou VGBL.

“Se o objetivo do aporte é para proteção patrimonial, vale investir na previdência privada. Ainda assim, vale olhar a rentabilidade, que pode ser melhor no Renda+”, diz Renan Diego, especialista em investimentos da escola Produtividade Financeira.  

Já para quem precisar da aplicação antes do prazo contratado, cenário longe do ideal neste tipo de investimento, o título público pode ser revendido no mercado secundário, o que oferece uma chance de perdas menores do que na previdência privada, onde a alíquota acaba levando parte dos rendimentos nessas situações. Antes de escolher por um produto ou outro, o investidor deve olhar para todas as variáveis.

Fonte: Estadão (24/02/2023)

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