quinta-feira, 25 de março de 2021

Previdência privada: Só 4 dos 10 maiores fundos de renda fixa bateram o CDI em 2020 e 6 em 10 multimercados. Veja quem são

 


Análise feita pela fintech Onze mostra o comportamento dos produtos bilionários de previdência no ano passado, nas categorias renda fixa e multimercados e aponta a importância da diversificação da carteira

Sem dúvida 2020 vai entrar para a história como um dos anos mais desafiadores para a indústria de investimentos, inclusive para quem administra fundos de previdência privada. Levantamento da fintech de investimentos Onze mostra que, dos 10 maiores fundos de previdência privada na categoria renda fixa, apenas quatro conseguiram ir melhor que o CDI, referência de rentabilidade, no período. Em 2020, o CDI rendeu 2,77%.

Ainda segundo o levantamento da Onze, ao analisar os fundos multimercados, o cenário um pouco menos desolador para os gigantes bilionários: dos 10 maiores fundos de previdência privada da categoria, seis se deram melhor que o CDI em 2020. Contudo, quando comparado o seu desempenho no acumulado do ano com o índice IHFA (Índice de Hedge Funds ANBIMA), referência para a indústria de multimercado e cuja retorno foi de 5,51% em 2020, só um fundo o vence, o Itaú Prev Verde AM FIM.

Somando o patrimônio líquido dos 10 maiores fundos previdenciários multimercados, o volume de dinheiro investido é menor do que na categoria renda fixa, mesmo assim, é grande: R$ 53,63 bilhões.

Quando visto apenas dezembro, porém, todos os 10 maiores fundos previdenciários de renda fixa e 10 multimercados batem o CDI, que rendeu apenas 0,16% no último mês do ano. Mas quando comparamos o desempenho dos multimercados com o IHFA (+2,71%), só metade se deram melhor que a referência do mercado.

A maioria dos 20 maiores fundos do país pertence aos grandes bancos.

Desempenho dos 10 maiores fundos de previdência privada - Renda Fixa (*)

FundosPatrimônio Líquido (31/12/2020)(Em bilhões de R$)Ranking de rentabilidade anualRentabilidade acumulada em 2020(Em %)Rentabilidade em dezembro de 2020 (Em %)Taxa de administração (ao ano)Captação líquida no 2º semestre de 2020)(Em milhões de R$)
Brasilprev RT FIX VI FIC Renda Fixa39,112,270,761,3%-2413,97
Brasilprev RT FIX II FIC Renda Fixa38,0110º2,010,741,5%-1966,02
Brasilprev RT FIX VII FIC Renda Fixa34,532,730,800,8%-2763,71
Bradesco Athenas PGBL/VBGL FIC Renda Fixa22,363,540,840,6%6190,44
Bradesco VGBL F10 FIC Renda Fixa21,012,590,801,0%-3207,15
Itaú Flexprev Vision FIC Renda Fixa20,002,410,320,8%-3435,89
Brasilprev RT FIX C FIC Renda Fixa19,112,520,791,0%-1753,72
Itaú Flex Prev Vision Plus FIC Renda Fixa14,652,610,340,6%1205,96
Brasilprev RT Premium FIC Renda Fixa13,213,101,701,25%754,29
Bradesco Private Ativo F08 C PGBL/VGBL FIC Renda Fixa12,783,330,820,8%-1647,02
Referência do setor: CDI2,770,16

Fonte: Onze

(*) 02/01/2021 a 31/12/2021

Resgates

Juntos, os 10 fundos previdenciários de renda fixa analisados pela Onze tiveram um resgate líquido de cerca de R$ 9 bilhões no último semestre do ano passado. Em média, eles perderam R$ 903,68 milhões. Só três dos 10 tiveram captação líquida positiva, ou seja, entrou mais dinheiro que saiu.

Já os multimercados tiveram nos seis últimos meses de 2020 cerca de R$ 555 milhões de captação líquida positiva. Metade deles ficou no azul e outros cinco tiveram resgates. Na média dos 10 produtos, houve entrada de R$ 55,53 milhões em 2020.

Desempenho dos 10 maiores fundos de previdência privada - Multimercados (*)

FundosPatrimônio Líquido (31/12/2020)(Em bilhões de R$)Ranking de rentabilidade anualRentabilidade acumulada em 2020(Em %)Rentabilidade em dezembro de 2020 (Em %)Taxa de administração (ao ano)Captação líquida no 2º semestre de 2020)(Em milhões de R$)
Bradesco Portfólio Moderado PGBL/VGBL FIM10,493,200,901,0%-29,26
Bradesco Portfólio Dinâmico PGBL/VGBL FIM7,583,741,001,0%287,38
Itaú Prev Verde AM FIM6,799,123,252,0%-163,91
Itaú Private PREV IMP 3 FIM6,412,393,511,0%144,24
Bradesco Portfólio Arrojado PGBL/VGBL FIM4,424,851,211,0%596,37
Brasilprev Multi-Estratégia II FIM4,2610º0,303,492,0%1067,57
Brasilprev Renda Total Ciclo de Vida 2040 FIM3,803,466,492,0%-88,02
Itaú Private Prev Perfil 2 FIM Crédito Privado3,702,851,710,8%-213,27
Itaú Private Prev IMP 3 II FIM3,182,633,520,8%153,99
Kinea Prev FIM3,001,260,541,5%-1199,78
Referência do setor: CDI2,770,16
Refência dos Multimercados: IHFA5,512,71

Fonte: Onze

(*) 02/01/2021 a 31/12/2021

Cenário e diversificação

Que o ano foi desafiador, não há dúvida.

“Ao longo do último ano, todas as incertezas causadas pela pandemia fizeram com que o cenário econômico ficasse bastante imprevisível. No Brasil, as pautas que tomaram a cena foram a delicada situação fiscal do país (agravada pelo auxílio emergencial), o atraso na aprovação de reformas e a queda da taxa Selic a uma mínima histórica de 2% ao ano, que contribuiu para valorização do dólar frente ao real e para o salto da inflação”, relembra a fintech no relatório.

Ainda que o mercado tenha reagido de forma positiva para algumas notícias, especialmente diante da aprovação das vacinas, dos estímulos econômicos aprovados nos Estados Unidos e também do acordo comercial que foi fechado entre Reino Unido e União Europeia, ainda assim a recuperação não foi linear.

Diante da instabilidade econômica de 2020, a fintech destaca que quem manteve um portfólio de investimentos diversificado acabou se saindo melhor.

“No geral, performaram bem os fundos previdenciários que mantiveram uma carteira de investimentos diversa, com aplicações em renda fixa pós-fixada, com menor risco, e em títulos prefixados e indexados à inflação, ações e dólar”, pontua a equipe da Onze na pesquisa.

A Onze é uma empresa de tecnologia e gestora independente de fundos de previdência com foco na previdência corporativa e na saúde financeira dos colaboradores.

O que esperar dos próximos meses

A Onze também apontou alguns cenários para o mercado brasileiro de investimento daqui em diante. Lembra, por exemplo, que o Brasil iniciou a vacinação de grupos prioritários em janeiro e a expectativa do mercado é que a imunização em massa ajude a alavancar a economia e reduzir os impactos da crise financeira.

Porém, reitera que, “embora este seja um tópico importante para voltarmos gradualmente à normalidade, a prosperidade do país passa pela agenda política, com a aprovação de reformas econômicas”.

Também recomenda ficarmos de olho nas movimentações do Banco Central, que já subiu a taxa Selic para 2,75% ao ano na última reunião do Copom, em uma tentativa de manter a inflação sob controle, e deve continuar no movimento de alta do juro.

“A decisão afeta investimentos de renda fixa, renda variável e a cotação do dólar. Não há como prever os próximos passos, mas especialistas do mercado financeiro dão como certa que a inflação seguirá preocupando os brasileiros. Para reduzir os impactos, investir em fundos com composição diversa ainda é a melhor opção”, finaliza.

Levantamento

Na análise da fintech foram considerados apenas fundos com mais de 12 meses de histórico e com captação ou resgate nos últimos 6 meses. Foram descartados fundos exclusivos, master ou de fundações.

Fonte: Valor Investe (25/03/2021)

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