quinta-feira, 9 de abril de 2020

Meu Bolso: Fundos de renda fixa DI apresentam cota negativa e perda máxima devido a taxa de administração



Os números mostram que 28% tiveram a maior perda mensal em maio de 2002, 39% em março de 2020 e 33% não tiveram um único mês de 'cota negativa'

No jargão de mercado, cota negativa é quando a rentabilidade de um fundo de investimento é menor do que zero em relação a um período anterior. Ou seja, houve perdas. O cálculo pode ser feito em intervalos de um dia, semana, mês, trimestre ou ano.

Já a perda máxima, também chamada de “maximum drawdown”, é uma estatística para apurar a maior queda desde um ponto de alta até o vale de uma série de retornos. Para calcular o indicador é possível usar séries diárias, semanais ou mensais.
As aplicações em fundos DI, em tese, oscilam de acordo com a variação da rentabilidade dos certificados de depósitos interfinanceiros (CDI). Mas em algumas situações, as cotas podem ser “negativas”.
O gráfico abaixo contabiliza a perda máxima mensal para os 57 fundos DI acompanhados no Guia de Fundos Valor Investe com histórico desde janeiro de 2002. Os números mostram que 28% tiveram a maior perda mensal em maio de 2002, 39% em março de 2020 e 33% não tiveram um único mês de “cota negativa”.

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tiveram a maior perda em maio de 2002
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tiveram a maior perda em março de 2020
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não tiveram perdas mensais no período entre 2002 e 2020

Um fundo pode ter rentabilidade negativa quando enfrenta um “evento de crédito”. Trata-se de outro jargão para descrever o calote de um título detido pelo fundo.

Situações desse tipo são relativamente raras em fundos DI e o impacto na rentabilidade total tende a ser diluído caso a carteira seja suficientemente diversificada. Por exemplo, se a posição do fundo em determinado título de crédito for equivalente a 1% do total do patrimônio, mesmo que o título problemático tenha desvalorização de 50% em razão do evento de crédito, é provável que a rentabilidade no mês ainda fique positiva.
Momentos em que vários fundos DI têm perdas mensais são indicadores de graves problemas no mercado financeiro. Em maio de 2002 as perdas foram decorrentes da imposição do Banco Central, que na época fiscalizava os fundos de investimento, de que o preço de todos os ativos das carteira fossem “marcados a mercado”.
A marcação a mercado é reconhecer o ativo pelo seu real valor do momento, a despeito do preço de aquisição. Na época, os fundos DI compravam LFTs, atualmente conhecidas como Tesouro Selic, e contabilizavam os rendimentos sem levar em conta a cotação de mercado dos títulos.

Dada uma estratégia do Tesouro Nacional naquele tempo de alongar os prazos de vencimento da dívida, os papéis foram sendo emitidos com descontos cada vez maiores.

No mês de maio de 2002, os fundos tiveram que reconhecer o prejuízo que tinham na carteira e as cotas ficaram “negativas”. Isso provocou muita incerteza e gerou uma onda de resgates.
Agora no mês de março de 2020, muitos fundos voltaram a registrar “cotas negativas”. Dessa vez, a razão foi a acentuada desvalorização da parcela de títulos de crédito privado que detinham.
Os fundos DI são obrigados a ter pelo menos 80% do patrimônio investido em títulos públicos ou papéis privados de baixo risco. Devido a um desequilíbrio do mercado provocado pelos efeitos da pandemia do coronavírus, houve um desequilíbrio entre oferta e demanda por esses títulos privados.

O Banco Central tem atuado para aumentar a demanda pelos papéis para reequilibrar o mercado. Caso essa atuação tenha sucesso, as cotas dos fundos DI tendem a valorizar.

Fonte: Valor Investe (09/04/2020)

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