Fundos de Pensão: Petros embolsa R$ 202 milhões vendendo pedaço de shopping para Previ e Apex

Intenção é a Petros fazer caixa para reduzir seus bilhões de déficit

A Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, embolsou R$ 202 milhões com a venda de sua participação no principal shopping do Espírito Santo. A saída do Shopping Vitória, localizado na capital, faz parte do “plano de desinvestimento” da Petros, que acumula bilhões em déficits e cujos participantes estão pagando contribuições extraordinárias para tapar o buraco.

A fundação colocou sua fatia no Shopping Vitória à venda há cerca de um ano. Quem ficará com ela é a Apex Partners — firma de investimento capixaba com R$ 5 bilhões sob gestão e custódia — e a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.

A Apex está pagando R$ 139 milhões por meio de um fundo imobiliário levantado especialmente para a aquisição. Todos os seus 200 cotistas são investidores do Espírito Santo. A Previ, que já era acionista do Shopping Vitória, pagou R$ 63 milhões pelo pedaço restante. Por já ser sócia, a Previ pôde exercer direito de preferência para aumentar sua participação com a transação.

A Apex ficará com cerca de 22% do negócio, e a Previ elevará sua fatia para 25%. O controle continua nas mãos da Nova Cidade Shopping Centers, que pertence às famílias Buaiz — que fundou o shopping há exatos 30 anos — e Civita, que fundou e foi por décadas dona da Grupo Abril.

— Nossa filosofia é olhar para oportunidades que estão fora do radar da Faria Lima, trabalhando o estoque da região para que esses ativos continuem aqui — contou à coluna Fernando Cinelli, fundador e CEO da Apex Partners, cujo braço de assessoria de investimentos é plugado à plataforma do BTG Pactual.

O Shopping Vitória abrange mais de 40 mil m² de ABL (área bruta locável) e tem como âncoras lojas como Renner, Zara, Bodytech e C&A. A venda da fatia da Petros se dá no momento em que shoppings importantes estão trocando de mãos — a israelense Gazit vendeu há algumas semanas um terço do Cidade Jardim, em São Paulo — e diante de um cenário desafiador para o varejo.

— Apesar de juros altos e outros fatores, temos uma visão positiva, seja porque nossa estratégia é de longo prazo, olhando um horizonte de dez anos, seja porque o ativo em si é ímpar, provavelmente o melhor para geração de renda em todo o Espírito Santo — explicou Cinelli, acrescentando que a Apex está estruturando a oferta de um novo fundo imobiliário para desenvolvimento residencial com foco regional.

Fonte: O Globo (20/06/2023)