sábado, 3 de junho de 2023

TIC: Amazon quer entrar no mercado de telefonia móvel oferecendo serviço (quase) gratuito à assinantes Prime

 


Ações de operadoras nos EUA, como AT&T, Verizon e T-Mobile, despencam nesta sexta em NY com o risco potencial de fuga de assinantes para a big tech

A Amazon (AMZN) tem conversado com operadoras wireless sobre a oferta de serviço de telefonia móvel nacional de baixo custo ou possivelmente gratuito para assinantes Prime, de acordo com pessoas familiarizadas com a situação que falaram à Bloomberg News.

A empresa negocia com a Verizon Communications, a T-Mobile e a Dish Network para obter os preços de atacado mais baixos possíveis. Isso permitiria que oferecesse planos wireless aos membros Prime por US$ 10 por mês ou possivelmente de graça e reforçasse a fidelidade entre seus clientes que mais gastam, disseram as pessoas, que pediram anonimato para discutir um assunto particular.

As negociações já duram de seis a oito semanas e também incluíram a AT&T em certas ocasiões. O plano pode levar vários meses para ser lançado e pode ser descartado, disse uma pessoa.

As ações da Dish chegaram a subiram 14% nesta sexta-feira (2) em Nova York dado que um acordo com a gigante de tecnologia pode ajudar a empresa de TV por satélite, atualmente em dificuldades, em sua transição para se tornar uma operadora nacional de telefonia sem fio.

Enquanto isso, as ações da T-Mobile (TMUS) caíam 8,5%, as AT&T (T) perdiam quase 5%, e as da Verizon (VZ), mais de 4% no começo da tarde, perto das 13h (de Brasília). As três grandes operadoras nacionais podem ver seus próprios assinantes fugirem para uma opção mais barata na Amazon. A Deutsche Telekom, que detém participação majoritária na T-Mobile, caíram 9% na Alemanha. As ações da Amazon sobem cerca de 2%.

“Estamos sempre explorando a adição de ainda mais benefícios para os membros Prime, mas não temos planos de adicionar wireless neste momento”, disse a porta-voz da Amazon, Maggie Sivon, em um comunicado. A Verizon e a Dish se recusaram a comentar.

Os assinantes da Amazon Prime nos EUA pagam US$ 139 por ano por privilégios como entrega rápida gratuita, streaming de vídeo e acesso a 100 milhões de músicas.

Analistas dizem que a adesão de assinantes ao Prime estagnou no mercado americano desde que a Amazon aumentou o preço anual que era de US$ 119, em um sinal de que uma assinatura é menos atraente para os consumidores que lutam com uma taxa de inflação teimosamente alta.

No Brasil, o serviço da Amazon Prime custa R$ 14,90 por mês ou R$ 119,90 por ano.

Cerca de 167 milhões de consumidores da Amazon tinham assinaturas Prime em março, uma base inalterada em relação ao ano anterior, de acordo com a Consumer Intelligence Research Partners.

A Amazon compete com o Walmart (WMT), cuja assinatura Walmart+ de US$ 98 por ano está emergindo como uma alternativa de custo mais baixo, oferecendo muitas das mesmas vantagens do Prime e entrega gratuita de supermercado em pedidos de pelo menos US$ 35. Em fevereiro, a Amazon aumentou o valor mínimo do pedido para ter direito a entrega gratuita de supermercado para US$ 150, ante US$ 35.

Influência da Amazon

Para a indústria de telecom, um acordo com a Amazon pode ser visto, por um lado, como um impulso bem-vindo à receita de atacado e uma forma de atrair mais tráfego para redes 5G recém-expandidas. Mas, por outro, a entrada da Amazon pode ser prejudicial se o Prime wireless se tornar popular e começar a diminuir a base de clientes das grandes operadoras.

Um preço muito abaixo do mercado de um dos maiores varejistas do mundo poderia facilmente reduzir o poder de precificação das três grandes operadoras nacionais nos Estados Unidos - e potencialmente em outros mercados -, o que tornaria tentador para os assinantes mudar para a Amazon. Os planos ilimitados começam em US$ 60 por mês na Verizon e na T-Mobile, com a AT&T a partir de US$ 65.

Com o Prime wireless, a Amazon se tornaria uma nova marca nacional, revendendo serviços móveis de uma das três grandes operadoras. O varejista pode optar por oferecer serviços wireless a seus membros Prime a um preço atraente, levando os clientes a cancelar seu serviço móvel atual. Ou a Amazon poderia ir mais longe e oferecer o Prime wireless para qualquer pessoa que queira mudar de serviço e se tornar um membro Prime.

Sempre que a Amazon entra em um novo mercado, causa arrepios na indústria porque a gigante de tecnologia com sede em Seattle mostrou que está disposta a absorver bilhões de dólares em custos de envio e produção de filmes para alimentar o crescimento da associação Prime. O serviço de telefonia pode ser apenas mais um item que a Amazon está disposta a atacar se isso der à empresa uma vantagem em relação ao Walmart e a outros concorrentes - como o Mercado Livre (MELI) na América Latina.

As operadoras, por sua vez, não estão realmente em posição de dizer não à Amazon. Depois de despejar bilhões de dólares em redes sem fio 5G super rápidas e de alta capacidade, as operadoras móveis têm pouco a mostrar pelo esforço e estão ansiosas para encontrar novos aplicativos e pontos de venda que possam gerar algum retorno sobre o investimento.

A Dish tem mais a ganhar com um acordo com a Amazon. A empresa está tentando se transformar em uma operadora wireless baseada em nuvem capaz de competir com a Verizon e a AT&T. Mas carrega uma carga de dívidas em atraso e busca novas vias de financiamento para poder lançar seu serviço sem fio Boost Infinite.

A Dish já trabalha com a Amazon, cuja divisão da AWS fornece computação em nuvem para executar a rede principal de seu serviço sem fio e deve começar a vender o serviço sem fio Boost Infinite já no próximo mês.

A Amazon já fez várias incursões no segmento wireless. Em 2014, a Amazon lançou o Fire Phone em uma tentativa de competir com dispositivos da Apple (AAPL) e da Samsung Electronics, mas encerrou a iniciativa um ano depois. A empresa também planeja começar a testar um serviço de internet via satélite chamado Project Kuiper no ano que vem.

Ao adotar a abordagem de um revendedor, também conhecido como operadora de rede móvel virtual ou MVNO, a Amazon evitaria os enormes custos de ter que construir sua própria rede móvel.

MVNOs tiveram um histórico duvidoso. Marcas como ESPN Mobile e Virgin Mobile falharam. A Alphabet (GOOG) possui o serviço Google Fi que roda na rede da T-Mobile e tem cerca de 2 milhões de clientes.

As redes wireless já estão começando a ser agrupadas como uma vantagem em pacotes de serviços mais amplos. Empresas de cabo como a Charter Communications, que revende serviços da Verizon, disseram que em breve a conta do cabo incluirá o serviço sem fio.

A Charter e a Comcast alimentaram parte do crescimento mais rápido de assinantes do setor, oferecendo serviços wirelss mais baratos ou gratuitos como uma promoção combinada com banda larga.

Fonte: Bloomberg (02/06/2023)

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