Demanda gerada por IA beneficia provedores de nuvem computacional como AWS, Google e Microsoft
O Canadá combate 465 focos de incêndios florestais, deixando Montreal e Otawa imersas em fumaça desde domingo. Toronto, a maior cidade do país, estava assim na semana passada. A questão ambiental vai ser debatida no Collision 2023, evento de inovação que vai até quinta-feira. Mas no primeiro dia, nesta terça, a corrida de gigantes de tecnologia e startups por uma fatia do mercado de inteligência artificial dominou as conversas.
A terceira edição do Collision, organizada pelos mesmos criadores do WebSummit, conta com 36,3 mil participantes de 118 países. “IA é o tema mais quente da agenda”, disse Paddy Cosgrave, diretor-executivo do WebSummit, na abertura dos debates.
Pouco depois, no mesmo palco, a Amazon Web Services (AWS), divisão de computação em nuvem da Amazon, sinalizou que não houve “alerta vermelho” na empresa diante da adesão em massa ao ChatGPT, software que gera textos e imagens da americana OpenAI (financiada pela Microsoft).
Adam Selipsky, presidente da AWS, resgatou a história da internet para alertar que lideranças podem ser temporárias nesse mercado. “O buscador líder em 1997 era o AltaVista e muitos jovens aqui não o conhecem”, disse Selipsky, referindo-se ao buscador criado em 1995, que popularizou as buscas na internet até a chegada do Google, hoje com mais de 90% desse mercado. Vendido ao Yahoo em 2003, o AltaVista foi desativado em 2013.
“Vejo que o GPT 3.5 [a mais recente versão gratuita do algoritmo de IA generativa da OpenAI] tem uma ótima interface de consumo, mas o mercado não terá um único vencedor, assim como ocorreu com o Alta Vista”, disse o executivo da AWS. “A OpenAI é uma ótima startup, mas estamos desenvolvendo nosso próprio modelo”, completou Selipsky.
Em abril, a AWS anunciou dois conjuntos de grandes modelos de linguagem (LLM, na sigla em inglês) chamados Bedrock e Titan, para que empresas possam desenvolver as próprias aplicações de IA generativa. Segundo o executivo, serão lançados em versões comerciais no fim do ano.
A demanda computacional na nuvem gerada pela IA generativa é vista como um porto seguro para provedores de serviços de nuvem como AWS, Google e Microsoft, em um cenário de ajustes de custos de empresas que consomem serviços de nuvem. “É um período de grande incerteza econômica. Quase todas as empresas do setor viram desaceleração nos últimos dois trimestres, incluindo nossos concorrentes”, disse Selipsky. “Temos muitos clientes que estão enxugando custos e achamos ótimo que sejam eficientes, mas a migração para a nuvem está viva e temos boas perspectivas”, concluiu.
Fora das instalações do Enercare Center, centro de convenções próximo ao lago Ontário que sedia o Collision 2023 até quinta-feira (29), a maior cidade do Canadá acaba de eleger sua nova prefeita.
Na abertura do evento, Jenniver McKelvie, geocientista e prefeita em exercício da cidade de Toronto, anunciou a confirmação do evento em 2024 e parabenizou a nova prefeita da cidade: Olivia Chow, do partido de centro-esquerda New Democratic Party (NPD), foi eleita na segunda-feira.
McKelvie assumiu a gestão municipal após a renúncia de John Tory, do Partido Conservador Progressista de Ontario (PC), em fevereiro, por conta de um caso extraconjugal. “Nos últimos quatro meses tive a oportunidade de servir a cidade e gostaria de parabenizar publicamente a nova prefeita Olivia Chow”, disse McKelvie, na manhã desta terça-feira.
Experiente na política local e defensora de políticas de apoio a imigrantes, Chow, nascida em Hong Konh, ganhou uma corrida eleitoral com outros 101 candidatos. A nova gestão pública de Toronto assumirá uma cidade que passa por uma grave crise orçamentária, com uma dívida de R$ 3,62 bilhões (1 bilhão de dólares canadenses).
A abertura do evento contou com um discurso do líder indígena Stacey Laforme, da nação Mississauga, sobre inclusão e representatividade. “Quando era jovem, tinha medo do que as pessoas iriam pensar (...) e a verdade é que jamais deveríamos mudar para nos encaixarmos na sociedade. Mas o mundo é que deve se adaptar para abraçar a nossa singularidade e é algo que sempre buscamos ensinar às crianças, aos jovens e, algumas vezes, a nós mesmos”, disse. Em 2021, o censo populacional mapeou 1,8 milhão de indígenas vivendo no Canadá, cerca de 5% da população do país.
A questão ambiental será discutida nos próximos dias, no evento. O Canadá enfrenta sua pior temporada de incêndios florestais dos últimos anos, deixando as cidades de Montreal e Otawa imersas em fumaça desde domingo (25).
A fumaça passou por Toronto na semana passada. A recomendação para os moradores das cidades afetadas, que estiverem praticando esportes ao ar livre e aproveitando o verão canadense, é permanecer em casa.
Fonte: Valor (28/06/2023)
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