Mesmo com uma alta de 7,1% na receita líquida ao longo de 2021, sobretudo por conta do atendimento de políticas públicas, a Telebras não saiu do vermelho e encerrou o ano passado com crescimento de quase 20% no prejuízo, para R$ 126,8 milhões.
Os números, publicados na noite da última sexta-feira, 18, apontaram um faturamento líquido de R$ 285,6 milhões na estatal em 2021. Em termos brutos, a receita somou R$ 344 milhões, dos quais R$ 283 milhões relacionados ao fornecimento de Internet (em alta de 3,1%).
A principal fonte do segmento foi o programa Gesac, que ao final de 2021 somava 13,4 mil pontos geradores de receita (dentre um total de 15,7 mil contabilizados pela Telebras). O montante pago pelo governo pela conectividade oriunda do SGDC ficou em R$ 127,8 milhões em 2021, frente R$ 103,9 milhões em 2020.
Além da execução da política pública, a atuação da Telebras no segmento de segurança garantiu outros R$ 36,4 milhões com a locação de capacidade satelital em banda X para o Ministério da Defesa. Os valores foram praticamente idênticos aos do ano anterior. Em paralelo, a Telebras ainda recebeu R$ 7 milhões da Viasat em forma de compartilhamento de receitas da parceria para exploração do SGDC e outros R$ 16 milhões em aluguéis.
Custos
As receitas, contudo, foram superadas pelos custos da estatal – que cresceram 3,1% em 2021, para R$ 348 milhões, mesmo com redução de quadro de funcionários e queda de 10% nos gastos com pessoal (R$ 85,7 milhões).
O avanço foi motivado por maiores custos com meios de conexão e transmissão, incluindo backbone – a rúbrica teve R$ 116 milhões reconhecidos, em alta de 3,4%. Os aluguéis pagos pela estatal também cresceram (68%), para R$ 48 milhões.
Depreciação
Adicionalmente, os valores reconhecidos pela Telebras como depreciação e amortização subiram 18,4% em 2021, atingindo R$ 254 milhões. A explicação da empresa é relacionada à transferência de bens e instalações "em andamento" para o status "em serviço" durante 2020 e 2021 – sendo o maior volume vinculado ao segmento satelital, em virtude da conclusão de obras do Centros de Operações Espaciais do projeto SGDC.
Subvenções
O que impediu um resultado ainda mais negativo para a estatal foram R$ 250,4 milhões recebidos do governo federal na forma de subvenções (contra R$ 216 milhões em 2020). Os valores foram destinados ao custeio de investimentos e pagamento de pessoal, na medida em que a estatal é classificada dependente do Orçamento da União desde 2020.
Considerando o repasse, a Telebras teve um Ebitda ajustado de R$ 179,5 milhões em 2021 (+23%), uma vez que os valores milionários de depreciação e amortização não entram no cálculo. Já sem as subvenções do governo federal, o indicador ajustado ficaria negativo em R$ 70,8 milhões.
Na soma de todas as cifras, o prejuízo apurado pela estatal no exercício de 2021 ficou em R$ 126,8 milhões. A cifra é 19,4% maior que os R$ 106,2 milhões registrados no ano de 2020.
Dataprev
Além dos resultados financeiros, a Telebras também divulgou na sexta-feira um acordo com a Dataprev para prestação de serviço de comunicação IP via satélite em localidades não atendidas por circuitos terrestres.
Contratado em processo de inexigibilidade de licitação, o acordo de dezoito meses teve valor global calculado em R$ 155,1 milhões. Em fato relevante, a Telebras classificou a cifra como "meramente estimativa, de forma que os pagamentos dependerão dos quantitativos de serviços prestados".
Fonte: Teletime (21/03/2022)
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