As entidades de previdência complementar em atuação no país ainda têm um longo caminho a percorrer para integrar a agenda socioambiental, ou ESG, em seus portfólios.
Uma análise das políticas de investimento e ações dos fundos de pensão e de entidades abertas de previdência complementar a partir da metodologia do Ranking da Atuação Socioambiental de instituições financeiras (RASA), desenvolvido pela Associação Soluções Inclusivas Sustentáveis (SIS), mostra que apenas três entidades obtiveram nota superior a 10, em uma escala de 0 a 100.
Dentre os 12 maiores fundos de pensão a Sistel ficou em 10º lugar. Apenas a Funcef, dos trabalhadores da Caixa, e a Fundação Itaú, obtiveram nota acima de dez. Funcef teve nota 14,43 e Fundação Itaú, 12,6. Em seguida vem Real Grandeza (7,24) e Previ (6,52). Depois vieram Vivest (3,97), Petros (3,69), Banesprev (2,51), Valia (2,01), Forluz (1,37), Sistel (1,05), Fapes (0,81) e Fundação Copel (0,02), lembrando que a pontuação máxima é 100.
Já a BrasilPrev, no setor de Previdência aberta, obteve nota 12,7, sendo a única dentre as cinco maiores entidades abertas de previdência privada complementar em atuação no Brasil a pontuar mais do que 10. Ficou à frente de Zurich Vida e Previdência (5,32) e Bradesco (4,315), que foram seguidos por Caixa Seguridade (1,68) e Itaú Previdência (0,57).
Este foi o 4º ciclo do RASA, que já analisou as credenciais ESG de bancos comerciais, bancos de desenvolvimento e agências de fomento e seguradoras.
Para Luciane Moessa, diretora da SIS, a pontuação das entidades de previdência foi considerada “decepcionante”. — A integração de fatores ASG nos investimentos das entidades de previdência na economia real é simples questão de inteligência, já que os riscos climáticos, ambientais e sociais se materializam com mais clareza (inclusive financeira) quanto maior o horizonte temporal considerado. Não olhar para isso é colocar em risco os investimentos dos participantes ou a sustentabilidade financeira da própria entidade — afirma. — Em comparação com os resultados dos ciclos anteriores do Rasa, podemos observar que a falta de uma regulação mais clara se reflete claramente no mercado. Como no setor bancário essa agenda vem sendo tema de regulações já há algum tempo, o mercado bancário é claramente mais avançado, ainda que o foco das entidades de previdência, que é de longo prazo, seja muito mais propício até do que o de crédito bancário para incorporar fatores climáticos e socioambientais na tomada de decisões — completa.
O tema ESG foi objeto de uma regulação da SUSEP, a superintendência que regula as entidades abertas, no ano passado, mas os impactos ainda não chegaram ao mercado.
A metodologia do RASA verifica as ações adotadas em três áreas: Políticas, Ações e Portfólios. Isso inclui a governança sobre o tema e a composição dos portfólios de investimentos, desde o nível de risco socioambiental das empresas que recebem investimentos, até eventuais investimentos com impactos positivos. Também são avaliados critérios relativos a bases de dados, a frequência e a abrangência do monitoramento de riscos, ações de mitigação de risco e a relevância das avaliações de risco ambiental, social e climático no processo decisório.
Fonte: O Globo e Invest. Institucional (29/11/2023)
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