Nova diretriz americana, focada na prevenção, lista hábitos e condições que podem aumentar as chances de acidente vascular cerebral
As taxas de acidente vascular cerebral (AVC) estão aumentando, com mais de meio milhão de americanos tendo um primeiro AVC todo ano. (No Brasil, apenas em 2021, foram 239 mil novos casos e 126 mil mortes pela doença.) Mas até 80% dos AVCs podem ser prevenidos, e é por isso que é tão importante entender e mitigar seus fatores de risco.
É o que afirma a American Stroke Association, que divulgou nesta semana suas novas diretrizes clínicas sobre o tema em uma década.
A “Diretriz 2024 para a Prevenção Primária de AVC”, publicada no periódico Stroke e substituta da versão de 2014, concentra-se na identificação e no gerenciamento de fatores de risco, especialmente para mulheres, e destaca comportamentos saudáveis que podem reduzir as chances de AVC.
“A maneira mais eficaz de reduzir a ocorrência de derrame e morte é prevenir o primeiro derrame — conhecido como prevenção primária”, diz a presidente do grupo de redação das diretrizes, Cheryl D. Bushnell, em um comunicado à imprensa.
“Algumas populações têm um risco elevado de derrame, seja devido à genética, estilo de vida, fatores biológicos e/ou determinantes sociais da saúde e, em alguns casos, as pessoas não recebem triagem adequada para identificar seu risco.”
O que é um acidente vascular cerebral?
Um AVC é o que acontece quando um vaso sanguíneo se rompe ou é bloqueado por um coágulo, interrompendo o fluxo sanguíneo para o cérebro. O cérebro não recebe oxigênio suficiente para funcionar corretamente, resultando em danos cerebrais que, dependendo da gravidade, podem levar a problemas de cognição, fala e mobilidade, entre outros.
Fatores de risco de AVC em mulheres
Pela primeira vez, as diretrizes de AVC incluem recomendações específicas e descrevem fatores de risco — que são amplamente incontroláveis, mas úteis por razões de prevenção e monitoramento — para mulheres. Elas incluem:
- Pré-eclâmpsia (pressão alta) durante a gravidez
- Outras complicações na gravidez, incluindo parto prematuro
- Endometriose
- Uso de anticoncepcionais orais
- Falência ovariana prematura (antes dos 40 anos)
- Menopausa de início precoce (antes dos 45 anos)
- Apresentar sintomas vasomotores graves na menopausa
- Utilizar terapia de reposição hormonal (TRH) contendo estrogênio para a menopausa após os 60 anos, mais de 10 anos após a menopausa natural
- Tomar estrogênio, como mulher transgênero ou indivíduo de gênero diverso, para afirmação de gênero
Fatores de risco de AVC para todos
Os hábitos de estilo de vida mais comuns e controláveis (apelidados de “os 8 fatores essenciais de saúde cardiovascular na vida” pela Stroke Association), se não forem controlados, tornam-se fatores de risco conhecidos para AVC. Eles incluem:
- Dieta inadequada
- Tabagismo
- Sedentarismo
- Estar acima do peso
- Ter um sono ruim
- Colesterol alto
- Pressão alta
- Alto nível de açúcar no sangue
Para combater esses riscos, as novas diretrizes recomendam:
- Considerar uma dieta como a mediterrânea — composta principalmente de frutas, vegetais, feijões, nozes, grãos integrais e azeite de oliva, e quantidades mínimas de laticínios, ovos, peixes e aves — mesmo que você não tenha outros fatores de risco
- Praticar pelo menos 150 minutos semanais de atividade aeróbica de intensidade moderada ou 75 minutos semanais de atividade aeróbica vigorosa — ou uma combinação de ambas — ao longo da semana
- Dormir o suficiente
- Não fumar
- Monitorar os níveis de colesterol, pressão arterial e açúcar no sangue e mantê-los dentro de faixas saudáveis
O que mais você pode fazer para prevenir um AVC?
Quando se trata de prevenção de AVC, a diretriz enfatiza a necessidade de avaliação de risco — conhecer os resultados pode ajudar na tomada de decisão de tratamento preventivo.
Estar ciente de novas opções de tratamento — como medicamentos GLP-1 para reduzir o risco de derrame em pessoas com diabetes e alto risco de doença cardíaca — e perguntar ao seu médico sobre o que pode ser melhor para você.
Além disso, é importante conhecer os sinais de alerta de um AVC. (A dica de Agnaldo Piscopo, médico cardiologista e intensivista, é fazer o teste das quatro letras S-A-M-U, ou sorrir, abraçar e cantar uma música. Peça para a pessoa sorrir e veja se a boca está torta; peça para ela dar um abraço e observe se o braço se sustenta; e peça para cantar uma música, qualquer uma, e perceba se ela consegue articular e/ou falar. Se um dos três pedidos não for contemplado, a chance de ser um AVC é de 72%, segundo o especialista. O que fazer? Ligar para o SAMU.)
“Implementar as recomendações nesta diretriz tornaria possível reduzir significativamente o risco de as pessoas terem um primeiro derrame”, observa Cheryl. Além disso, há um bônus: “A maioria das estratégias que recomendamos para prevenir derrame também ajudará a reduzir o risco de demência, outra condição de saúde séria relacionada a problemas vasculares no cérebro.”
Fonte: Fortune e Estadão (25/10/2024)
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